Por que as cooperativas são insubstituíveis [Jornal do Comércio - RS]

Por que as cooperativas são insubstituíveis [Jornal do Comércio - RS]

Por que as cooperativas são insubstituíveis          [Jornal do Comércio - RS]

Em pequenos e médios municípios brasileiros, o cooperativismo vai muito além do viés econômico. A presença de cooperativas costuma não só representar um elevado percentual do PIB municipal, já que normalmente são a maior empregadora e geradora de impostos, como também desempenha papel vital no desenvolvimento local. Quando uma cooperativa se desfaz, seja pelo motivo que for, como falência ou mudança, abre-se um vácuo que jamais é preenchido integralmente.

Mesmo quando uma empresa mercantil assume as atividades da cooperativa que deixou de existir, o vácuo permanece sob outros aspectos. É impossível replicar totalmente o impacto positivo que essas organizações exercem sobre suas comunidades. Isso acontece porque as cooperativas instaladas em municípios menores têm como meta muito mais do que o lucro. Elas são catalisadoras de progresso e desenvolvimento para toda a comunidade.

A essência do cooperativismo está em princípios fundamentais, como participação voluntária e consciente, gestão democrática, autonomia e independência, educação e treinamento dos associados, cooperação entre cooperativas e interesse genuíno pela comunidade. Essas bases são essenciais para o funcionamento e o impacto positivo das cooperativas nas comunidades em que estão inseridas.

Vale destacar que as cooperativas, frequentemente, também atuam como agentes de desenvolvimento social, investindo em projetos e iniciativas que beneficiam diretamente a comunidade, como programas de educação, saúde, cultura e preservação ambiental. Essa forma de gestão contribui para a construção de sociedades mais equitativas e resilientes, o que beneficia toda a sociedade, não apenas quem participa diretamente.

Ao adotarem uma estrutura de propriedade e governança democrática, as cooperativas ainda se caracterizam pela distribuição dos benefícios econômicos de forma mais equitativa entre seus membros, reduzindo desigualdades.

Nesse contexto, quando uma cooperativa deixa de existir, as empresas comerciais que a substituem muitas vezes canalizam os lucros para acionistas externos, em vez de reinvesti-los na própria comunidade. Isso cria um vácuo de desenvolvimento socioeconômico, uma vez que os recursos que antes beneficiavam diretamente os membros da comunidade agora fluem para fora dela.

Para mitigar o vácuo deixado pela extinção de uma cooperativa, é fundamental reforçar esses princípios entre os cooperados, funcionários e a comunidade em geral. A compreensão da importância dessas premissas pode ajudar a preservar e fortalecer o tecido social e econômico das comunidades que dependem das cooperativas para seu sustento.

Além disso, é preciso reconhecer o papel único que as cooperativas desempenham no desenvolvimento sustentável das comunidades. Como atuam com ênfase na responsabilidade ambiental, na compra de matérias-primas e insumos regionais, no envolvimento comunitário e no compromisso com o bem-estar dos membros da comunidade, tornam-se incomparáveis, o que faz com que seja difícil substituí-las por empresas comerciais tradicionais.

Em síntese, podemos afirmar que indivíduos e empresas podem ser substituídos, mas as cooperativas dificilmente são sucedidas em sua totalidade. Se quisermos promover o desenvolvimento sustentável e o progresso econômico, especialmente nos pequenos e médios municípios, devemos reconhecer e valorizar o papel vital que as cooperativas desempenham e trabalhar para fortalecer e proteger essas organizações essenciais.

Speaker Alexandre Garcia 

Doutor em Administração, Palestrante, Consultor e professor de Pós-Graduações.